Após uma fria noite em que fiquei muito contente por ter levado o saco-cama de inverno (o de verão ficou em Portugal) o despertar de dia 18 de Julho foi frio e húmido. Tinha estado sempre a chover desde a pasta-party do dia anterior e a temperatura tinha caído drasticamente. Enquanto que na 6ª tinha carregado as malas de t-shirt, no sábado andava com toda a pouca roupa que tinha.
Tinha-se instalado o caos entre os participantes e todos andavamos a ver como nos desenrascariamos para enfrentar tal frio, particularmente no ponto mais alto da etapa, a 1700m de altura (estavamos a uns 900m em Mittenwald), onde calculávamos que andasse perto dos 0ºC. Eu tinha vestido tudo o que podia, camisola interior, jersey de manga curta, jersey de manga comprida e casaco impermeável. Só tinha luvas de verão pelo que consegui comprar umas luvas impermeáveis (cheira-me que ainda lhes vou dar bom uso aqui pelas minhas bandas) numa loja local, que deve ter feito dinheiro como nunca naquele dia, e calçadas iam as minhas meias de neoprene com uns sacos-plásticos na parte da frente a fazer as vezes de corta vento. E muitas rezas para que chegasse para aguentar.
O meu companheiro de equipa, o R.M., e os outros 2 tugas ciclistas com que partilhamos a auto-caravana em semelhante figura. Um deles nem tinha impermeável, pelo que teve de recorrer a um saco de plástico a fazer de colete e por baixo deste o restante equipamento para fazer frente ao frio.
Nesta semana de pedaladas o plano inicial de alojamento era ficar no "camp" que a organização providenciava (mediante pagamento) mas à última hora (quando o R.M. se juntou a eles para fazer a viagem Portugal-Alemanha) mudamos radicalmente de ideias. Eles estavam a contar connosco e ficamos os 6 na auto-caravana (eu e o R.M, R.H., R.T., V. e N.G.). Achamos que seria menos arriscado e mais cómodo que o "camp". O R.H. e o R.T. eram uma das 5 duplas de tugas que marcou presença neste Transalps. acho que das 5 equipas seriam talvez a mais forte e sem dúvida a com mais aspirações. Pertencem à equipa do Despertar S.C., da qual o N.G. é o director, e um massagista, o V.
Também por lá andavam o A.M. e o N.M., do team M&M que já conhecia do TransPortugal em 2007, uma dupla de Coimbra (o BTTeam) e outra do norte (não sei ao certo de onde - Team2Experience). Uma grande comitiva portuguesa, seguramente uma das maiores presentes, será que a moda no BTT está a mudar de novo???
Viam-se poucos ciclistas a passar mas de vez em quando lá ia um. Enchi-me de coragem e arranquei para a zona da partida. Ainda no caminho, que era curto pois estavamos a apenas a 500m da zona de partida, fui informado por outro concorrente que a etapa tinha sido cancelada. Fiquei um pouco incrédulo mas fui logo dizer ao resto do pessoal antes que também eles se molhassem, mas também já tinham sido informados. Ainda rumei para o arco para ver o que se passava e confirmou-se. Até já tavam a tratar de arranjar transporte para o pessoal que ficaria no "camp". Quem tinha outras acomodações teria de se orientar sozinho para chegar a Reith im Alpbachtal, o fim da etapa cancelada.
Lá nos orientamos para cabermos 6 marmanjos e 4 biclas na autocaravana e fizemo-nos à estrada, tal como todo o resto da caravana do Transalps. O termómetro sempre a indicar temperaturas perto dos 5ºC nos 50km de ligação. Só podiamos imaginar como estaria no alto...
Ao chegar a Reith encontramo-nos com grande confusão. Toda a gente estava a chegar e Reith é uma pequena localidade do Tirol, sem espaço para tanta auto-caravana. Todos à procura do mehor local e estavamos instalados antes do almoço, sem programa até à noite, momento de nova "pasta party" e briefing para o dia seguinte. Pelo que se tornou um longo dia. Tantos meses a treinar e nada de pedalar... Estava a entrar em parafuso. Fui dar uma volta pela vila.
O R.H. e o R.T. também estavam em parafuso, de tal modo que acabaram por cravar uns rolos e suar uns 40min neles para acalmar.
Na horinha do jantar lá fomos nós comer a nossa massinha com molho de tomate da "pasta party" e ouvir o briefing para domingo. E as noticias foram interessantes. Foi a 1ª etapa em 12 edições de Transalps a ser cancelada. E porquê? Neve, 4cm dela às 8h da manhã nos 1700m do ponto mais alto do dia. E diga-se de passagem que não parou de chover todo o dia, pelo que lá em cima não deve ter parado de nevar. Pelo que nos disse a organização ao fim do dia chegaram a estar 20cm de neve. Seria um dia para duros e muita gente iria ficar pelo caminho, talvez nós.
Teria sido muito complicado para a organização e arriscado para nós, agora acho que tomaram a decisão certa, por muito que me tenha custado.
After a cold night in which I was very happy that I'd brought my winter sleeping bag (the summer one is in Portugal), the awakening on the 18th of July was cold and wet. It had been raining since the previous day's "pasta party" and the temperature suddenly dropped. While on friday I had carried my bags in a t-shirt, on saturday I had all the clothes I could on me.
Caos had settled amongst the participants and everybody was trying to arrange for insulation from the cold and rain, particularlly at the stage's highest point, at 1700m (we where at around 900m in Mittenwald), where we we're calculating around 0ºC. I had on all I could, underwear, short and long sleeve jerseys and waterproof jacket. I had only summer gloves but was able to buy waterproof gloves (I think they'll have good use around here) at a local shop, that probably made money like never before on that day, and on my feet my neoprene socks and plastic bags on the front doing the turns of a wind-stopper membrane. And plenty of prayers that it would be enough.
My race buddy, R.M., and the other 2 portuguese riders with which we were sharing the campervan were all in similar looks. One of them hadn't even brought a waterproof jacket and had to improvise it with a plastic bag serving as a vest.
For this pedaling week our initial plan was to stay in the camp that the organizer provided (if you payed for it) but at the last minute (when R.M. joined them for the trip from Portugal to Germany) we had a change of heart. They where expecting us to join them in the campervan and we ended up joining them. There were 6 (me and R.M., R.H., R.T., V. and N.G.) of us and whe thought it would be more confortable than the camp.
R.H. and R.T. were one of the 5 portuguese teams present at this Transalps, possibly the strongest and surelly the one aspiring to a better classification. They're in a portuguese MTB team called Despertar S.C., of which N.G. is the director and brought with them a masseur, V..
Also around were A.M. and N.M., of team M&M which I already knew from the 2007 TransPortugal, a team from Coimbra (BTTeam) and another from the north of Portugal (Team2Experience). A big comitee, probably one of the largest from Portugal. Can this be the new trend in MTB????
You could see very few riders around. Took a deep breath and went in to the rain headed for the start zone. Just after leaving another rider told me that the day's stage had been cancelled. I wasn't quite sure but went straight on to tell the others. Headed back again to the start gate where things were already being arranged for transport for the riders in the camp. Who had other arrangements had to sort themselves out to reach Reith im Alpbachtal, the end of the cancelled stage.
Managed to fit 6 blokes and 4 bikes in the campervan and headed for the road, as all the rest of team caravan. The termometer always indicating temperatures around 5ºC through the 50km of the trip. We could only imagine up there...
When we arrived at Reith we found a big mess. Everybody was arriving and Reith is a small village, with no room for that many campervans. Set up before lunch and with nothing to do until dinner (pasta party and briefing time) the day was getting too long. All those months of training and no pedalling... I was going crazy and so decided to go for a walk.
R.H. and R.T. where feeling the same and ended up borrowing some turbo trainers and doing a 40 minute sweat session.
At dinner time we went for our pasta with tomato sauce at the pasta party and listening to the briefing for sunday. And the news were quite interesting. That was the first stage in 12 years of Transalps to be cancelled. And why? Snow, 4cm of it at 8am at 1700m (the highest place of the stage). And it didn't stop raining all day, so we presume that it didn't stop snowing up there. The race director said that at the end of the day there were 20cm of snow. It would be a very hard day and a lot of people wouldn't finish the stage, maybe even us.
It would have been a very complicated day for the organization and risky for us. I think they took the right decision, how ever hard it might have been for us not to pedal.
Tinha-se instalado o caos entre os participantes e todos andavamos a ver como nos desenrascariamos para enfrentar tal frio, particularmente no ponto mais alto da etapa, a 1700m de altura (estavamos a uns 900m em Mittenwald), onde calculávamos que andasse perto dos 0ºC. Eu tinha vestido tudo o que podia, camisola interior, jersey de manga curta, jersey de manga comprida e casaco impermeável. Só tinha luvas de verão pelo que consegui comprar umas luvas impermeáveis (cheira-me que ainda lhes vou dar bom uso aqui pelas minhas bandas) numa loja local, que deve ter feito dinheiro como nunca naquele dia, e calçadas iam as minhas meias de neoprene com uns sacos-plásticos na parte da frente a fazer as vezes de corta vento. E muitas rezas para que chegasse para aguentar.
O meu companheiro de equipa, o R.M., e os outros 2 tugas ciclistas com que partilhamos a auto-caravana em semelhante figura. Um deles nem tinha impermeável, pelo que teve de recorrer a um saco de plástico a fazer de colete e por baixo deste o restante equipamento para fazer frente ao frio.
Nesta semana de pedaladas o plano inicial de alojamento era ficar no "camp" que a organização providenciava (mediante pagamento) mas à última hora (quando o R.M. se juntou a eles para fazer a viagem Portugal-Alemanha) mudamos radicalmente de ideias. Eles estavam a contar connosco e ficamos os 6 na auto-caravana (eu e o R.M, R.H., R.T., V. e N.G.). Achamos que seria menos arriscado e mais cómodo que o "camp". O R.H. e o R.T. eram uma das 5 duplas de tugas que marcou presença neste Transalps. acho que das 5 equipas seriam talvez a mais forte e sem dúvida a com mais aspirações. Pertencem à equipa do Despertar S.C., da qual o N.G. é o director, e um massagista, o V.
Também por lá andavam o A.M. e o N.M., do team M&M que já conhecia do TransPortugal em 2007, uma dupla de Coimbra (o BTTeam) e outra do norte (não sei ao certo de onde - Team2Experience). Uma grande comitiva portuguesa, seguramente uma das maiores presentes, será que a moda no BTT está a mudar de novo???
Viam-se poucos ciclistas a passar mas de vez em quando lá ia um. Enchi-me de coragem e arranquei para a zona da partida. Ainda no caminho, que era curto pois estavamos a apenas a 500m da zona de partida, fui informado por outro concorrente que a etapa tinha sido cancelada. Fiquei um pouco incrédulo mas fui logo dizer ao resto do pessoal antes que também eles se molhassem, mas também já tinham sido informados. Ainda rumei para o arco para ver o que se passava e confirmou-se. Até já tavam a tratar de arranjar transporte para o pessoal que ficaria no "camp". Quem tinha outras acomodações teria de se orientar sozinho para chegar a Reith im Alpbachtal, o fim da etapa cancelada.
Lá nos orientamos para cabermos 6 marmanjos e 4 biclas na autocaravana e fizemo-nos à estrada, tal como todo o resto da caravana do Transalps. O termómetro sempre a indicar temperaturas perto dos 5ºC nos 50km de ligação. Só podiamos imaginar como estaria no alto...
Ao chegar a Reith encontramo-nos com grande confusão. Toda a gente estava a chegar e Reith é uma pequena localidade do Tirol, sem espaço para tanta auto-caravana. Todos à procura do mehor local e estavamos instalados antes do almoço, sem programa até à noite, momento de nova "pasta party" e briefing para o dia seguinte. Pelo que se tornou um longo dia. Tantos meses a treinar e nada de pedalar... Estava a entrar em parafuso. Fui dar uma volta pela vila.
O R.H. e o R.T. também estavam em parafuso, de tal modo que acabaram por cravar uns rolos e suar uns 40min neles para acalmar.
Na horinha do jantar lá fomos nós comer a nossa massinha com molho de tomate da "pasta party" e ouvir o briefing para domingo. E as noticias foram interessantes. Foi a 1ª etapa em 12 edições de Transalps a ser cancelada. E porquê? Neve, 4cm dela às 8h da manhã nos 1700m do ponto mais alto do dia. E diga-se de passagem que não parou de chover todo o dia, pelo que lá em cima não deve ter parado de nevar. Pelo que nos disse a organização ao fim do dia chegaram a estar 20cm de neve. Seria um dia para duros e muita gente iria ficar pelo caminho, talvez nós.
Teria sido muito complicado para a organização e arriscado para nós, agora acho que tomaram a decisão certa, por muito que me tenha custado.
After a cold night in which I was very happy that I'd brought my winter sleeping bag (the summer one is in Portugal), the awakening on the 18th of July was cold and wet. It had been raining since the previous day's "pasta party" and the temperature suddenly dropped. While on friday I had carried my bags in a t-shirt, on saturday I had all the clothes I could on me.
Caos had settled amongst the participants and everybody was trying to arrange for insulation from the cold and rain, particularlly at the stage's highest point, at 1700m (we where at around 900m in Mittenwald), where we we're calculating around 0ºC. I had on all I could, underwear, short and long sleeve jerseys and waterproof jacket. I had only summer gloves but was able to buy waterproof gloves (I think they'll have good use around here) at a local shop, that probably made money like never before on that day, and on my feet my neoprene socks and plastic bags on the front doing the turns of a wind-stopper membrane. And plenty of prayers that it would be enough.
My race buddy, R.M., and the other 2 portuguese riders with which we were sharing the campervan were all in similar looks. One of them hadn't even brought a waterproof jacket and had to improvise it with a plastic bag serving as a vest.
For this pedaling week our initial plan was to stay in the camp that the organizer provided (if you payed for it) but at the last minute (when R.M. joined them for the trip from Portugal to Germany) we had a change of heart. They where expecting us to join them in the campervan and we ended up joining them. There were 6 (me and R.M., R.H., R.T., V. and N.G.) of us and whe thought it would be more confortable than the camp.
R.H. and R.T. were one of the 5 portuguese teams present at this Transalps, possibly the strongest and surelly the one aspiring to a better classification. They're in a portuguese MTB team called Despertar S.C., of which N.G. is the director and brought with them a masseur, V..
Also around were A.M. and N.M., of team M&M which I already knew from the 2007 TransPortugal, a team from Coimbra (BTTeam) and another from the north of Portugal (Team2Experience). A big comitee, probably one of the largest from Portugal. Can this be the new trend in MTB????
You could see very few riders around. Took a deep breath and went in to the rain headed for the start zone. Just after leaving another rider told me that the day's stage had been cancelled. I wasn't quite sure but went straight on to tell the others. Headed back again to the start gate where things were already being arranged for transport for the riders in the camp. Who had other arrangements had to sort themselves out to reach Reith im Alpbachtal, the end of the cancelled stage.
Managed to fit 6 blokes and 4 bikes in the campervan and headed for the road, as all the rest of team caravan. The termometer always indicating temperatures around 5ºC through the 50km of the trip. We could only imagine up there...
When we arrived at Reith we found a big mess. Everybody was arriving and Reith is a small village, with no room for that many campervans. Set up before lunch and with nothing to do until dinner (pasta party and briefing time) the day was getting too long. All those months of training and no pedalling... I was going crazy and so decided to go for a walk.
R.H. and R.T. where feeling the same and ended up borrowing some turbo trainers and doing a 40 minute sweat session.
At dinner time we went for our pasta with tomato sauce at the pasta party and listening to the briefing for sunday. And the news were quite interesting. That was the first stage in 12 years of Transalps to be cancelled. And why? Snow, 4cm of it at 8am at 1700m (the highest place of the stage). And it didn't stop raining all day, so we presume that it didn't stop snowing up there. The race director said that at the end of the day there were 20cm of snow. It would be a very hard day and a lot of people wouldn't finish the stage, maybe even us.
It would have been a very complicated day for the organization and risky for us. I think they took the right decision, how ever hard it might have been for us not to pedal.
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