O inicio de Janeiro Londres esteve fria, bem fria. Com bastante neve e temperaturas máximas a pouco passarem dos 0ºC. Por cá chamaram-lhe o Big Freeze e na maioria do país ainda havia muito branco em finais de Janeiro.
De momento em Londres já não há neve, só chuva. Mas aquelas 2 semanas foram suficientes para algumas considerações.
1. Com frio custa sair de casa. Todos sabemos isso, só estou a confirmar o óbvio. Mas significa que tive de pensar um pouco mais no que vestir e que as pedaladas têm sido poucas, quase só o "comute" diário...
2. Em Londres não costuma nevar, o nevão de Fevereiro limpou em 2 dias e já nessa altura foi o caos por 1 dia. Desta vez começou no Natal, dificultando bastante a ida a casa no Natal e gerando o caos pelo país todo, com estradas cortadas, áreas sem electricidade, as temperaturas mais baixas das últimas décadas. A coisa ainda por cima prolongou-se e já se estava a começar a racionar o sal para espalhar nas estradas. Este país não está preparado para tanta neve, contrariamente ao que esperava. Em Londres nevou um pouco, não muito mas com temperaturas tão baixas a humidade durou umas 2 semanas, de noite gelavam as estradas (mesmo com todo o sal e areia que lhe punham) e de dia gradualmente descongelava, isto durante umas 2 semanas, digamos que já tenho alguma experiência de gelo (não tinha nenhuma antes).
3. O Richmond Park não teve direito a sal, por isso a neve por lá durou mais e acumulou mais, consegui dar umas boas pedaladas na neve a sério. Mas se o RP estava naquele estado, imagino as estradas fora de Londres, ainda bem que não tentei ir a lado nenhum...
4. Como a minha utilização da bicla no dia-a-dia é frequente e as estradas molhadas também, investi nuns guarda-lamas à moda antiga, a envolver a roda, espero que me mantenham mais seco que nas anteriores chuvadas que apanhei. A questão é que para os montar ainda se levei um bocado e tive de mexer nos travões... Tenho agora um par de cantilevers na Kona (os originais Ritchey de 95) para conseguir combinar secura com travagem. Perdi poder de travagem e ganhei muitas dores de cabeça para os afinar. Espero mesmo que me mantenham seco...
O que vestir com frio.
Nas minhas primeiras incursões nos dias frios a opção foi levar tudo o que podia. As calças mais quentes que tenho (corta-vento, demasiado quentes para os dias frios de Portugal), e 4 camadas para o tronco com a externa de corta-vento. No pés os sapatos mais quentes que tenho. Felizmente tive de comprar umas luvas impermeáveis no TransAlps, que pensava nunca mais usar, mas que têm sido a escolha todos os dias...
Em relação às pernas, para as manter quentes só com uma camada tem de fazer um esforço sério, por isso na maioria dos dias acabei por ter de usar uma segunda camada, as minhas calças impermeáveis. Por si só não me aquecem mais, mas fazem mais uma camada e cortam o vento frio. No tronco a 4ª camada é em demasia, se as 3 camadas não forem de verão depressa se fica confortável. Nos pés, com os ditos sapatos (uns velhinhos Adidas El Moro) aguenta-se, mas para estar confortável tem de usar capas... Agora com sapatos mais agressivos/de corrida as capas são sempre indispensáveis e mesmo assim nunca se fica muito bem. Outra coisa a não esquecer, um lenço para tapar as orelhas (eu uso Buff’s, são mais fáceis).
Pedalar no gelo
Quanto a isto pouco há para dizer. O único truque que aprendi foi andar devagar e não usar os travões...
A rua onde moro é um cul de sac, como tal secundária e o único sal que viu foi de cozinha... Ou seja, gelo com fartura. A técnica que usei para não cair durante as 2 semanas foi andar pelas estradas principais (onde havia sal e carros suficientes a passar para derreter o gelo) evitando as bermas e fazendo curvas bem largas. A viagem para o trabalho tornou-se mais lenta mas consegui nunca cair. Tudo o que se faz tem de se pensar com muita antecedência para evitar tocar nos travões, confiando que o atrito faça a maioria do trabalho e só tocando os travões ao de leve. O meu vizinho ainda andou a estudar os pneus com pregos mas estava quase tudo esgotado e são caros para usar 5 dias por ano... Diz quem experimentou que é a única coisa que funciona com gelo, mas assim que a estrada descongela são horriveis, é como andar no gelo.
Neve à séria
Para minha sorte o A. convidou-me para umas pedaladas num fim de semana nas nossas BTT’s pelo RP, que por minha iniciativa não tinha ido, mas nada como alguém a puxar por nós...
As únicas experiências que tive com neve foram a pé e 1 vez com o P.R. numa bela e fria passeata pela zona da Lousã onde pedalei nuns belos 100metros de neve, nada mais. A impressão com que fiquei ao fim da 1h30 que por lá tivemos foi que a neve se comporta de 2 maneiras diferentes. Quando solta parece areia da fofa (essa conheço eu bem), quando compacta como lama seca (pouca tracção e muita trepidação). Já não tenho medo da neve, mas para a apanhar tenho de ir para fora de Londres...
Ficam aqui um par de imagens, só para terem uma ideia de como as coisas por aqui andaram:
Hyde Park
Imagens variadas
At the beggining of January London was cold, very cold. There was plenty of snow and the max temperatures barely above 0ºC. They called it the Big Freeze and most of the country there was still a lot of snow at the end of the month.
At the moment there's no more snow in London, but those 2 weeks were enough for some considerations.
1. With the cold it's hard getting out. Everybody knows that, I'm just stating the obvious. But it means that I had to put some thought into what to wear and that I haven't been pedaling that much...
2. London usually doesn't see any snow, if in February it snowed and cleared in 2 days but we still had chaos, this time it started before Christmas making the trip to Portugal very hard and generating chaos all over the country with closed roads, electricity cuts and the lowest temperatures of the last decades. It took long and grit racioning was starting. The UK is bot ready for such conditions... In London we also had a bit of snow, but mostly ice, with 2 weeks of freezing temperatures keeping all the water in the roads quite frozen, even with all the grit that was thrown into it.
3. Richmond Park had no grit. So the snow lasted longer, and I managed to try my snow legs... If RP was in the state I saw, I could only imagine the roads out of London...
4. As my use of the bike for every day life is crucial and wet roads are so common, I decided to invest on some old fashioned mudguards, properly wrapping my wheels and hopefully keeping me dryer than before. Still had a bit of work around them, getting them on and then had to change my front brake... I now have a pair of old stile cantilevers on the Kona (the original 95 Ritchey's) to combine braking ability with dryness. Lost braking power and gained plenty of headaches to tune them, just hope the mudguards are good...
What to wear with proper cold.
If on the first days my option was just to take all I could. My warmest thights (wind-blocking, too warm for Portugal) and 4 layers on the torso with an outside wind-blocker, on my feet the warmest shoes I have and for the hands the gloves I had to buy at the TransAlps, which I thought wouldn't ever wear again, being used every day...
On the legs it proved to be an effort to keep them warm with just that, so had to resort to a 2nd layers, in the form of my waterproof trousers, not really that warm, but good enough to keep the wind-chill at bay. On the torso the 4th layer was overkill, 3 proper layers proved good enough. The feet were warm enough, but if wearing my road or racing MTB shoes a overshoe was mandatory. The final touch was a Buff, to keep my ears warm.
Ice biking
There's really not that much I can say about that, the only thing I learned was to ride slowly and not to touch the brakes...
The street where i live is a cul de sac, so said, pretty much considered a side road and the only salt it saw was table salt... We had plenty of ice. The main thing that kept me upright on those 2 weeks was to keep on the main roads (those were gritted and had enough cars to keep the ice melted), avoid the berms and do very wide turns. The trip to work ended up being quite slower. everything has to be planned in advance and you only feather the brakes. One of my neighbours still checked studded tires, but for 5 days a year I'm not sure it's worth it. The people that tried them say they are great on the ice and snow, but when it melts, it's just like riding on ice (with standard tires).
Real snow
Luckilly for me A. invited me for a bit of pedalling with our MTB's at RP. My only previous experience with snow riding was a mere 100 meters wit P.R. in Lousã. After about 1h30 i can say that snow behaves in 2 very different manners. When loose it is like soft sand (I'm very comfortable with that), and when compacted as dry mud (low traction but much trepidation). I'm no longer afraid of snow, but to get it need to get out of London...
I'll just leave you with a couple of images, for you to have an idea of what it was like:
Hyde Park
Various images
De momento em Londres já não há neve, só chuva. Mas aquelas 2 semanas foram suficientes para algumas considerações.
1. Com frio custa sair de casa. Todos sabemos isso, só estou a confirmar o óbvio. Mas significa que tive de pensar um pouco mais no que vestir e que as pedaladas têm sido poucas, quase só o "comute" diário...
2. Em Londres não costuma nevar, o nevão de Fevereiro limpou em 2 dias e já nessa altura foi o caos por 1 dia. Desta vez começou no Natal, dificultando bastante a ida a casa no Natal e gerando o caos pelo país todo, com estradas cortadas, áreas sem electricidade, as temperaturas mais baixas das últimas décadas. A coisa ainda por cima prolongou-se e já se estava a começar a racionar o sal para espalhar nas estradas. Este país não está preparado para tanta neve, contrariamente ao que esperava. Em Londres nevou um pouco, não muito mas com temperaturas tão baixas a humidade durou umas 2 semanas, de noite gelavam as estradas (mesmo com todo o sal e areia que lhe punham) e de dia gradualmente descongelava, isto durante umas 2 semanas, digamos que já tenho alguma experiência de gelo (não tinha nenhuma antes).
3. O Richmond Park não teve direito a sal, por isso a neve por lá durou mais e acumulou mais, consegui dar umas boas pedaladas na neve a sério. Mas se o RP estava naquele estado, imagino as estradas fora de Londres, ainda bem que não tentei ir a lado nenhum...
4. Como a minha utilização da bicla no dia-a-dia é frequente e as estradas molhadas também, investi nuns guarda-lamas à moda antiga, a envolver a roda, espero que me mantenham mais seco que nas anteriores chuvadas que apanhei. A questão é que para os montar ainda se levei um bocado e tive de mexer nos travões... Tenho agora um par de cantilevers na Kona (os originais Ritchey de 95) para conseguir combinar secura com travagem. Perdi poder de travagem e ganhei muitas dores de cabeça para os afinar. Espero mesmo que me mantenham seco...
O que vestir com frio.
Nas minhas primeiras incursões nos dias frios a opção foi levar tudo o que podia. As calças mais quentes que tenho (corta-vento, demasiado quentes para os dias frios de Portugal), e 4 camadas para o tronco com a externa de corta-vento. No pés os sapatos mais quentes que tenho. Felizmente tive de comprar umas luvas impermeáveis no TransAlps, que pensava nunca mais usar, mas que têm sido a escolha todos os dias...
Em relação às pernas, para as manter quentes só com uma camada tem de fazer um esforço sério, por isso na maioria dos dias acabei por ter de usar uma segunda camada, as minhas calças impermeáveis. Por si só não me aquecem mais, mas fazem mais uma camada e cortam o vento frio. No tronco a 4ª camada é em demasia, se as 3 camadas não forem de verão depressa se fica confortável. Nos pés, com os ditos sapatos (uns velhinhos Adidas El Moro) aguenta-se, mas para estar confortável tem de usar capas... Agora com sapatos mais agressivos/de corrida as capas são sempre indispensáveis e mesmo assim nunca se fica muito bem. Outra coisa a não esquecer, um lenço para tapar as orelhas (eu uso Buff’s, são mais fáceis).
Pedalar no gelo
Quanto a isto pouco há para dizer. O único truque que aprendi foi andar devagar e não usar os travões...
A rua onde moro é um cul de sac, como tal secundária e o único sal que viu foi de cozinha... Ou seja, gelo com fartura. A técnica que usei para não cair durante as 2 semanas foi andar pelas estradas principais (onde havia sal e carros suficientes a passar para derreter o gelo) evitando as bermas e fazendo curvas bem largas. A viagem para o trabalho tornou-se mais lenta mas consegui nunca cair. Tudo o que se faz tem de se pensar com muita antecedência para evitar tocar nos travões, confiando que o atrito faça a maioria do trabalho e só tocando os travões ao de leve. O meu vizinho ainda andou a estudar os pneus com pregos mas estava quase tudo esgotado e são caros para usar 5 dias por ano... Diz quem experimentou que é a única coisa que funciona com gelo, mas assim que a estrada descongela são horriveis, é como andar no gelo.
Neve à séria
Para minha sorte o A. convidou-me para umas pedaladas num fim de semana nas nossas BTT’s pelo RP, que por minha iniciativa não tinha ido, mas nada como alguém a puxar por nós...
As únicas experiências que tive com neve foram a pé e 1 vez com o P.R. numa bela e fria passeata pela zona da Lousã onde pedalei nuns belos 100metros de neve, nada mais. A impressão com que fiquei ao fim da 1h30 que por lá tivemos foi que a neve se comporta de 2 maneiras diferentes. Quando solta parece areia da fofa (essa conheço eu bem), quando compacta como lama seca (pouca tracção e muita trepidação). Já não tenho medo da neve, mas para a apanhar tenho de ir para fora de Londres...
Ficam aqui um par de imagens, só para terem uma ideia de como as coisas por aqui andaram:
Hyde Park
Imagens variadas
At the beggining of January London was cold, very cold. There was plenty of snow and the max temperatures barely above 0ºC. They called it the Big Freeze and most of the country there was still a lot of snow at the end of the month.
At the moment there's no more snow in London, but those 2 weeks were enough for some considerations.
1. With the cold it's hard getting out. Everybody knows that, I'm just stating the obvious. But it means that I had to put some thought into what to wear and that I haven't been pedaling that much...
2. London usually doesn't see any snow, if in February it snowed and cleared in 2 days but we still had chaos, this time it started before Christmas making the trip to Portugal very hard and generating chaos all over the country with closed roads, electricity cuts and the lowest temperatures of the last decades. It took long and grit racioning was starting. The UK is bot ready for such conditions... In London we also had a bit of snow, but mostly ice, with 2 weeks of freezing temperatures keeping all the water in the roads quite frozen, even with all the grit that was thrown into it.
3. Richmond Park had no grit. So the snow lasted longer, and I managed to try my snow legs... If RP was in the state I saw, I could only imagine the roads out of London...
4. As my use of the bike for every day life is crucial and wet roads are so common, I decided to invest on some old fashioned mudguards, properly wrapping my wheels and hopefully keeping me dryer than before. Still had a bit of work around them, getting them on and then had to change my front brake... I now have a pair of old stile cantilevers on the Kona (the original 95 Ritchey's) to combine braking ability with dryness. Lost braking power and gained plenty of headaches to tune them, just hope the mudguards are good...
What to wear with proper cold.
If on the first days my option was just to take all I could. My warmest thights (wind-blocking, too warm for Portugal) and 4 layers on the torso with an outside wind-blocker, on my feet the warmest shoes I have and for the hands the gloves I had to buy at the TransAlps, which I thought wouldn't ever wear again, being used every day...
On the legs it proved to be an effort to keep them warm with just that, so had to resort to a 2nd layers, in the form of my waterproof trousers, not really that warm, but good enough to keep the wind-chill at bay. On the torso the 4th layer was overkill, 3 proper layers proved good enough. The feet were warm enough, but if wearing my road or racing MTB shoes a overshoe was mandatory. The final touch was a Buff, to keep my ears warm.
Ice biking
There's really not that much I can say about that, the only thing I learned was to ride slowly and not to touch the brakes...
The street where i live is a cul de sac, so said, pretty much considered a side road and the only salt it saw was table salt... We had plenty of ice. The main thing that kept me upright on those 2 weeks was to keep on the main roads (those were gritted and had enough cars to keep the ice melted), avoid the berms and do very wide turns. The trip to work ended up being quite slower. everything has to be planned in advance and you only feather the brakes. One of my neighbours still checked studded tires, but for 5 days a year I'm not sure it's worth it. The people that tried them say they are great on the ice and snow, but when it melts, it's just like riding on ice (with standard tires).
Real snow
Luckilly for me A. invited me for a bit of pedalling with our MTB's at RP. My only previous experience with snow riding was a mere 100 meters wit P.R. in Lousã. After about 1h30 i can say that snow behaves in 2 very different manners. When loose it is like soft sand (I'm very comfortable with that), and when compacted as dry mud (low traction but much trepidation). I'm no longer afraid of snow, but to get it need to get out of London...
I'll just leave you with a couple of images, for you to have an idea of what it was like:
Hyde Park
Various images
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