terça-feira, 2 de outubro de 2012

3 Peaks CX 2012

No último dia do mês de Setembro do ano de 2012 deu-se a 50ª edição do 3 Peaks Cyclo-Cross. A mais famosa corrida de ciclocross do Reino Unido.

Já tinha ouvido e lido muito sobre ela e estava na minha lista. Este foi o dia. Inscrição feita com vários meses de antecedência (pois os 700 lugares esgotam cedo) e aproveitar a onda do Kielder 100 para a preparação.

O evento é exclusivo para biclas de CX e inclui uma boa dose de caminhada. Na lista de participantes há tanto de ciclistas como do corredores de montanha. Para os mais puristas há também uma versão pedestre, incluindo os mesmos picos, mas por ordem inversa e rotas diferentes. Neste o desafio é fazer os 3 em menos de 12 horas (mapa).

O Outono este ano chegou cedo e por já tem havido chuva qb. Esperava um percurso molhado. Na semana antecedente a coisa piorou e a previsão para o domingo era de chuva e ventos fortes... Compunha-se.

Sábado foi tempo de fazer a viagem para os Yorkshire Dales de comboio. Londres - Leeds - Horton in Ribblesdale. A última secção com o auxilio da Settle and Carlistle Railway Trust.


A partida seria de Helwith Bridge, uma localidade com 3 casas, 1 pub e 1 Youth Hostel, mesmo a jeito... Foi lá que fiquei, barato e perto, implicou foi levar a mochila carregada e os alforges. Mas não tive de alugar um carro!!!

De manhã o dia já estava bem escuro, mas só uma "chuvinha molha-tolos" os topos encobertos e imensa gente já às 7h30. A partida às 9h30 era suposto ser organizada de acordo com o tempo prevsito de chegada de cada um, mas não vi ninguém a organizar nada. Iamos ter 5km neutralizados por estrada ao inicio (de novo atrás de uma carrinha), mas desta vez o ritmo foi forte logo desde o arranque, nunca vi a dita carrinha e não fui devagar...Encontrei uma colega do clube que também participou e seguimos juntos por um pouco.

Vira-se à esquerda para um caminho num campo, começa-se a subir, bastante gente a encorajar e aplaudir, era o inicio (a sério) da corrida. Depressa passamos para um relvado, muita água. Estavamos já a caminho de Ingleborough. Depressa me vi a empurrar a bicla (muita, muita água) e ataca-se a inclinada subida para o Simon Fell, onde famosas fotos de um cordão de ciclistas sobem agarrados a uma vedação, tal a inclinação da encosta.

Mas desta vez não se via o topo. Já chovia e o vento empurrava a bicla no meu ombro, não era fácil, mas foi mais curto do que pensava. No topo um plano, onde muito empurrei e depois o final da subida para chegar a Ingleborough. A secção final volta a ser bem inclinada, mas desta vez o chão é bem sólido, pedra solta e degraus de pedra na encosta. A progressão não foi mais fácil, o vento ainda mais forte, mais chuva e agora não via mais de 10 metros. Tive de optar por empurrar a bicla pois o vento tirou-a do meu ombro, mesmo assim lutei por me manter de pé.

Começa a descida até Cold Cotes, conhecida como a menos técnica. Logo no inicio caí na relva e as manetes ficaram a apontar uma para a outra. Paragem ao vento para realinhar e siga o comboio. Felizmente o tempo estava melhor lá em baixo... Já não chovia e havia menos vento. Muitos apoiantes e espectatores no fim da descida. Esta corrida é mesmo tradição...

No alcatrão até Bruntscar passei bastante gente. Começa a subida para Whernside e depressa estou com a bicla ao ombro de novo. Mais chuva, algum vento. Estou de novo a ser passado por quem passei no alcatrão. Subida em degraus de pedra, a minha cara abaixo da roda traseira de quem vai à minha frente. Onde é que este acaba? pensava eu. Mais uma vez visibilidade, pouca. No topo desta vez dá para pedalar, mas com vento forte sou de novo atirado ao chão, por sorte na relva de novo e desta vez sem problemas mecânicos.

Na descida alterno em a pé e montado, muita gente vai por fora do trilho, que é agora de lajes com valas para a água espalhados entre as lajes. Arriscado para os furos e para as quedas... Sou vitima de outra queda, desta vez a roda foi à berma da laje, saiu fora e enterrou-se até ao cubo. Não se moveu mais, mas eu continuei a viagem... sai cuspido por cima do guiador e precisei de 1 minutito para me recompor. Muito pantanoso, pergunto-me como conseguem eles pedalar pelo meio do pântano??? A descida acaba perto do viaduto de Ribblehead (não que ele se visse com tanta antecedência como nestas imagens).


"Mais encorajamentos e palmas são muito bem vindos sim sr. Mas imagino que toda esta gente está tão molhada como eu, que dia miserável..."

Cruzei-me na descida com o fotógrafo Ed Rollason, as suas imagens dão uma ideia das condições que estavam...
Fotos e o seu relato.

Mais alcatrão, desta vez com vento de frente, até Horton in Ribblesdale. Hesito antes de virar para Pen Y Ghent. Será que quero mesmo fazer isto??? Felizmente nesta subida há mais percurso ciclável e sinto que metade se fez pedalando (olhando para o mapa na realidade são mais 2/3). O topo está frio e molhado, passa-me pela frente a ideia de voltar para baixo, estou a ficar com frio, mesmo com o esforço... Aplana, mas o vento forte faz com que nem sonhe em tentar montar-me. Onde está o checkpoint afinal??? Não vejo nada de jeitos. O alivio chega quando avisto os 3 controladores, mais uns passos e já está feita.

Monto-me e desço pela turfa. Mesmo assim pedalo, isto é mesmo mole e muito instável... Volto a desmontar para a secção pedregosa e a secção que subi montado volto a descer montado, quase no fim um último obstáculo, um enorme lago (ainda mas cheio que quando comecei a subir), passo montado mas a água chega acima do joelho, mesmo montado... Mais mal não faz, já tanta água levou, ao menos fica limpa para ir no comboio.


Acabo com 5:16:19, 343º de 512 finalizadores.

Imagens e relatos do épico dia em 3 Peaks CX Blog e em British Cycling.



Se lá voltarei?? Talvez, mas só se for com boa companhia e com muito mais treino de corrida...


On the last day of September 2012 the 50th edition of 3 Peaks Cyclo-Cross happened. The most famous of the UK cyclocross races

I had read and heard a lot about it. It was on my to do list and this was the day. Entered with a few months in advance, the 700 entries run out quite fast, and planning to use the run up to Kielder 100 for the preparation.

It´s CX bike exclusive event with a healthy amount of walking/running. On the start list there are as many of fell runners as there are cyclists. for the purists there is a walking only event through the same peaks, but on reverse order and through different paths. On that case the challenge is to do them in less than 12 hours (map).

This year Fall arrived earlier and so there has been plenty of rain, wet paths expected then. But on the previous week it got worse with strong rain and winds on the forecast. The plot thickened...

Saturday was time to take the train to the Yorkshire Dales, London - Leeds - Horton in Ribblesdale. The last section supported by the Settle and Carlistle Railway Trust.


Starting from Helwith Bridge, a village with 3 houses, 1 pub and 1 Youth Hostel. Very convenient... Just where I would stay. Had to carry a loaded backpack and panniers, but at least didn't have to hire a car!!!

The morning started quite gloomy, some drizzle, clouds hiding every hill top but plenty of people at 7h30 already. The start was at 9h30, supposedly according to your expected finishing time, but I didn't see anyone sorting that out... There would be 5km of neutralized behind a van but this time the pace was fast from the gun. I never managed to see the so said van and I was not going slow. Met a club mate and we rode together for a bit.

Turn left to a farm road, the climbing starts. Quite a few supporters. That was the start of the proper race. Into a grassy and wet field. We were headed to Ingleborough. I was pushing quite soon and quickly hit the slope to Simon Fell, where the famous pictures of a long line of cyclists holding on to a fence to climb are taken.

Not that we could actually see where we were going. It was already raining and wind was picking up. It wasn't easy, but was shorter than I thought. flattened out at the fell, but I still had to push. There was still a bit of climbing to get to the top of Ingleborough, with firmer stoney steps, but stronger wind and heavier rain. Visibility was limited and the wind pushed the bike of my shoulder. I opted to just push, but even so had to fight to stay upright.

Time to descend into Cold Cotes, the least technical of all the downhills still made me walk quite a bit and hit the deck right at the start. Brake levers ended up pointing at each other so some windy trail side repairs were necessary. Luckily better weather at the bottom, no rain and less wind. A lot of supporters and spectators again, you can feel the history of the race...

Asphalt to Bruntscar where I overtook a few riders and head up to Whernside. time for some shouldering again and the people I had just passed start going by me again. This time it was a stone steps climb. My face right under to the back wheel of the rider in front. How long would this one take? Low visibility at the top again, but at least it was rideable, until the wind threw me down again, luckily into grass again and with no consequences for the bike.

I descend either walking or riding. Lots of people choose to avoid the trail. This one is made of slates with water drains coming often. Good for both crashes and flats. At one point my front wheel gets to the edge of the slate and rides off it, sinking hub high. I carry on, OTB (over the bars). Needed a minute to get back together... And did wonder how the hell can those other guys ride through this??? The end of the the descent is at the Ribblehead viaduct.


"Encouragement and cheering is very welcomed indeed. But I do wonder how wet are all there people getting, what a miserable day..."

Along the way passed Ed Rollason, his pictures give a good idea of the race's conditions..
Photos and his report.

More asphalt, this time with a head wind, down to Horton in Ribblesdale. Hesitated before turning up to Pen Y Ghent. Do I really want to do this??? Fortunately for me there was more riding on this one and it felt like half of it was rideable (if you actually look at a map it is more like 2/3). The top is cold and wet again, start thinking about turning round and heading for a warm drink. Even with the effort I was getting cold. It flattened out but the strong gusts keep me walking. Where's that checkpoint??? Can't see a thing. Relief comes when I finally see them, a few more steps and it's finished.

Back on the saddle and riding the peat. It's soft and very unsteady... Of it for the rocky section and riding down all that was ridden up. One last obstacle in the shape of a huge lake (even bigger that when I had ridden up it) that I ride through but with water knee high... Won't hurt anything more than what it has already, and at least I'll have a clean bike to put in the train.

Finished after 5:16:19, 343rd of 512 finishers.

Reports and pictures of the epic day can be found on 3 Peaks CX Blog. and British Cycling.

 
Am I going back?? I might, with good company and a load of running before it...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Outono está aqui / Autumn is here

Bom, há muito tempo que aqui não vinha... Só quando entrei no blog vi a data do último... Já lá vão uns meses. Mas sabem como é, quem mais tecla menos pedala, por isso podem calcular o que se tem passado.

Setembro foi o culminar de toda esse indisponibilidade. Agora é tempo de curtir o CX e ir fazer umas explorações estrada fora.

E que se passou em Setembro??? 2 grandes eventos ingleses. Kielder 100 (tinha contas a ajustar de há 2 anos) e 3 Peaks CX.

Dia 15 de Setembro (um sábado felizmente) foi a 4ª edição da Kielder 100 do mais longo evento em linha desta ilha (mais longo que isto só mesmo andando às voltinhas). Benesses do trabalho por turnos a viagem para a fronteira da Escócia foi feita na sexta entre comboio e carro alugado, com uma ligação ciclistica pelo meio (estação de comboios de Newcastle a aeroporto de Newcastle).


Desta vez fiquei na pousada da juventude de Kielder, nada de pressas de última hora... Deu para ouvir o briefing da noite e dormir bem.

A partida foi às 6h30, ainda nem estavam os neurónios a funcionar bem... Muito anti-climática com 3km de neutralização atrás de uma carrinha, nada de apitos ou tiros ou o que quer que fosse. Mas depressa se começou a esticar o grupo e os mais rápidos a chegar à frente. Como já sabia que haveriam singletracks em breve não fui timido e de cotovelos de fora lá me mantive com a carrinha à vista. Viragem à direita para a terra e soltam-se os cães. Aceleração e toca de entrar em modo de corrida.

O percurso muito semelhante ao de 2 anos atrás um inicio com bastante sobe e desce, bastantes singletracks e trilhos construidos divertidos com algumas surpresas pelo meio (drops e saltos qb).

O perfil muda quando se vira para a Escócia e as subidas são mais longas e suaves, mais estradão, mas sem esquecer o desmoralizante singletrack que liga Kielder à fronteira. Começa com uma subida de piso bem áspero, passa para um passadiço de madeira (que com o vento forte que se sentia parece mais estreito do que realmente é) e voltando ao trilho construido à base de pedras e terra, em que todos os ossos do meu corpo foram sacudidos por uns longos 20 minutos...

Em Newcastleton era o melhor dos abastecimentos. Chá, café, sandes, sopa. E depois as habituais gomas, bolachas e bananas. Nada melhor para uma boa recuperação que uma sopa. Parei e sentei-me a saborear uma bela sopa de lentilhas enquanto os outros participantes iam chegando e partindo. Uns bem gastos 20 minutos. Arranquei com as pernas recompostas e vontade de dar ao pedal de novo. Olhando para o relógio e para o que ainda faltava percorrer ainda pensei conseguir acabar em menos de 10 horas por isso apertei o passo. Depois achei que já não ia dar por isso descontraí. Depois voltei a achar que dava, andei indeciso conforme o perfil ia mudando de ascendente para plano ou descendente. Sinal de cansaço???

Última descida na ganga e 10:01:51, 44º de 225 finalizadores. Não foi abaixo de 10 horas, mas foi bem perto, pelo que estou muito satisfeito... Agora se lá voltar só se for para fazer abaixo de 9 horas (que se olharem para a classificação, não é fácil...).

Relato do 3 Peaks CX em breve.



Been away for quite a while now... And only noticed how long when I logged in. A very long time. But as I usually say, the more you post, the less you ride...

So now we're in October I'm expecting to have a bit more availability. The plan is to casually enjoy the CX season and find some new roads on the nearby countryside.

As for the past, September was the peak of activity with 2 big events. Kielder 100 (with a score to be settled from 2 years ago) and 3 Peaks CX.

15 of September (luckily a Saturday) was the 4th edition of the Kielder 100, the longest mtb race in the UK where you don't go loopy mad. Benefiting from shift work I was able to go up to the Scottish Borders on Friday, dividing the trip between the train and a hired car, with some riding in between to link up the both.

This time I planned it a bit better and stayed at the Kielder Youth Hostel, no last minute delays to make me rush. All close by, so managed to ear the riders briefing and still have a good nights sleep.

The start was at 6h30 (as usual) with my brain still half asleep. An anti-climatic rolling start following a van for 2 miles, no guns, whistles or any loud noises. But I had to wake up quickly, because the pace picked up. I was expecting some early singletracks so put my elbows out and made sure I didn't get too far back. As soon as we turned into the dirt there was no more van to follow, each man for himself. RACE PACE!!!

The route was similar to the one 2 years ago. Quite a few climbs, plenty of singletrack and fun man made trails.

It changes when we head for Scotland, with longer and steadier climbing, more fire roads and the energy sapping singletrack to Newcastleton. It starts roughly and steeply climbing up to a wooden walkway (that felt narrower due to the strong wind at the top), returning to a very rough surface that flows either up or down heading for the border. Those 20 minutes shook every bone of my body and drained a lot of my motivation...

In Newcastleton was the best of the feed stations. Tea, coffee, sandwiches, soup. And then the usual jelly babies, biscuits and bananas. So what best recovery than a sit down with a warm lentil soup. The best spent 20 minutes. Will power and energy levels restocked it was time to head back to England. As I was looking at my timing, it seemed that I could be able to do a sub-10, so I rode a bit arder. But then it seemed I wouldn't make it, then seemed I could again... My pace changed as the profile changed, slower at the climbs, faster on the flats and descents. Could it be tiredness???

On the final downhill I was going as fast as I could and arrived at the finish with 10:01:51, 44th of 225 finishers. Not under 10 hours, but close enough to leave well pleased... If I'm going back??? Only for a sub 9 hours (and if you look at the classification, that's not easy).


Report of the 3 Peaks CX coming soon.